Lisboa, Maio de 1922 a Março de 1923
dir. José Pacheco
ed. Agostinho Fernandes
Imprensa Libanio da Silva
1.ª edição
apenas os 9 fascículos que constituem os vols. I, II e III
(completos)
a este conjunto faltam os fascículos 10 (1924) a 13 (1926),
o n.º espécime (Maio de 1915) e o n.º suplemento (Março de 1925)
30 cm x 22 cm (fascículos) / 30,8 cm x 23,5 cm (estojo)
numeração contínua por volumes: [8 págs. + 48 págs. + 1
folha em extra-texto] + [4 págs. + 48 págs. + 5 folhas em extra-texto + 4
págs.] + [8 págs. + 56 págs. + 1 folha em extra-texto + 1 encarte (publicidade
à revista De Teatro) + 8 págs. em
extra-texto (com numeração autónoma) + 4 págs. (índice do vol. I)] + [4 págs. +
4 págs. (com numeração autónoma) + 3 folhas em extra-texto + 36 págs. + 8 págs.
+ 8 págs. (com numeração autónoma)] + [4 págs. (com numeração autónoma) + 4
págs. (encarte nas quatro anteriores) + 48 págs. + 3 folhas em extra-texto] +
[72 págs. + 10 págs. (publicidade e índice do vol. II) + 11 folhas em
extra-texto] + [6 págs. + 48 págs. + 8 págs. (com numeração autónoma) + 6 págs.
+ 6 folhas em extra-texto] + [2 págs. + 64 págs. + 7 folhas em extra-texto + 1
folhinha (encarte publicitário à colecção de cadernos Novela de Sucesso)] + [52
págs. + 5 folhas em extra-texto + 2 encartes publicitários + 2 págs. (índice do
vol. III)]
dístico: Revista feita
expressamente para gente civilizada
profusamente ilustrados, impressos a cor sobre papéis
diversos, capilhas com motivos gráficos e tipográficos modernistas de extrema
elegância e bom gosto, sendo o n.º 3 uma combinação de arte serigráfica e
pintura à mão
apresentam-se em cadernos soltos não aparados, protegidos
por capilhas de papel-manteigueiro com dobras de reforço à cabeça e ao pé e uma
pestana na contracapa
acondicionados num estojo de manufactura recente forrado a
tela
exemplares estimados, capilhas com restauros nas dobras e
nas lombadas; miolo limpo, quase todos os cadernos por abrir
os fascículos 1 e 2 ostentam o n.º 280 da tiragem especial
limitada a 401 exemplares, sendo o primeiro fascículo nominal, propriedade de
José Paulo Pinhão e assinado por José Pacheco
PEÇA DE COLECÇÃO
1.000,00 eur (IVA
e portes incluídos)
Da vasta lista de colaboradores que, repetidamente, fizeram
esta publicação moderna, assinalem-se, entre escritores e artistas plásticos,
os nomes de Almada, Fernando Pessoa, António Botto, Mário de Sá Carneiro, Diogo
de Macedo, António Sardinha, Judith Teixeira, Raul Leal, Mário Saa, Columbano,
António Soares, Américo Durão, Vergílio Correia, Eduardo Viana, Jorge Barradas,
Martinho Nobre de Mello, Mily Possoz, Augusto Santa-Ritta, Eugénio de Castro,
Aquilino Ribeiro, Virgínia Victorino, Manuel Ribeiro, Teixeira de Pascoaes,
António Arroio, Leonardo Coimbra, Afonso Duarte, Dordio Gomes, Carlos Malheiro
Dias, etc. Especial destaque para a inclusão de Cena do Ódio de Almada, Banqueiro
Anarquista de Fernando Pessoa (mas também Mar Português e Soneto Já
Antigo) e Arte de Bem Morrer de
António Ferro.
Logo à partida, o responsável pela publicação, que bem sabia
de que estofo eram feitos os consumidores portugueses de cultura, comentou em
entrevista ao Diário de Lisboa (15 de
Junho, 1922): «Eu não tenho grande confiança nem consideração pelo público de
arte português. Além disso cá não está criado público de revistas, a não ser
das outras que metem pernas. Um insucesso, artisticamente, não me feria nada.»
Bem se recordava José Pacheco como
Lisboa-Portugal tinha sido hostil ao aparecimento de uma outra revista de
vanguarda muito similar, a Orpheu!
Acompanhando o curso de fechamento do país às alegrias trazidas pela República
e a abertura ao autoritarismo totalitário, «A Contemporânea insinuou-se
no espaço cultural português no início de Maio de 1915, com um número espécimen
que se caracterizava pelo seu ecletismo: a arte, a literatura, o teatro, o
desporto, a moda e a sociedade preenchiam as suas páginas. Valorizava, muito ao
gosto da época, a imagem, entre reportagens fotográficas de sabor fim de século
e algum grafismo “moderno” em que se ensaiavam Almada, Barradas, Eduardo Viana,
Carlos Franco e José Pacheco. Acenava à ditadura de Pimenta de Castro com uma
mão, com a outra saudava a Igreja, que passava por dificuldades várias,
fragilizada pelas incursões jacobinas.
A Contemporânea propunha-se
ser um lugar de agitação e de convergência de todos os que se interessavam pela
arte em Portugal e que não dispunham de uma tribuna onde pudessem aferir
opiniões, apresentar sugestões, trilhar novas sendas. Tinha os olhos postos nos
movimentos vanguardistas da Europa, recusando dialecticamente a claustrofobia e
a anemia que secularmente nos tolhiam. Preconizava no seu programa que os seus
colaboradores seriam “as figuras mais brilhantes e variadamente individuais das
nossas modernas correntes artísticas, desde as mais simples às mais complexas –
todos quantos, desde o verso até à linha, sabem servir as curiosidades cultas e
os interesses aristocratizados”. Pretendia ser uma “revista para gente civilizada,
uma revista expressamente para civilizar gente”, terminologia e programa que,
na opinião circunstanciada de António Braz de Oliveira, poderá ter muito bem a
dedada eterna e “excessivamente lúcida” de Fernando Pessoa, nas margens de Orpheu.
Por razões políticas – o consulado
de Pimenta de Castro foi derrubado poucos dias depois do aparecimento da Contemporânea
– ou por motivos menos “públicos”, o projecto teve, então, uma falsa
partida e só foi retomado sete anos mais tarde. Com efeito, em 1921, os jovens
que tiveram o privilégio de viver na cidade de Paris – laboratório onde
fertilizavam as experiências mais ousadas no domínio das letras e das artes –
insurgiram-se contra a apatia e a inércia que eram lugar comum na Sociedade
Nacional de Belas-Artes, cuja actividade estava circunscrita à organização de
uma exposição anual. [...]» (Fonte: Daniel Pires, Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Século XX
(1900-1940), vol. I, Grifo, Lisboa, 1996)
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